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Giovanna Fantinato

Instituto Aurora realiza roda leitura com meninas da socioeducação

A iniciativa, que acontece no mês em que o ECA completa 29 anos, também pode ser vista como uma forma de contribuir para a redução da violência contra mulher desde a adolescência

O Instituto Aurora promove uma edição especial do Aurora Clube do Livro com adolescentes do Centro Socioeducativo (Cense) Joana Miguel Rocha, em Curitiba. Em quatro encontros, serão discutidos temas como autoimagem, empoderamento feminino e violência contra mulher, a partir da compreensão de relacionamentos saudáveis e abusivos. As ações realizadas no Cense são embasadas nas determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que define medidas pedagógicas para o atendimento de adolescentes em conflito com a lei.


Segundo a diretora-executiva do Instituto Aurora, Michele Bravos, para que a história de vida dessas meninas possa ser diferente, é fundamental oportunizar espaços em que elas possam dialogar, refletir e se ressignificar. “Para algumas pessoas, ações como essas são vistas como ‘passar a mão na cabeça de aprendiz de bandido’. Porém, esse tipo de iniciativa pode ser vista como uma oportunidade para que essas meninas não reincindam e não continuem sendo massa de manobra no crime”.


Após pesquisa realizada em 2017, o Instituto Aurora identificou o interesse das meninas que cumprem medida socioeducativa no Centro Joana Miguel Richa por atividades que criem diálogos sobre suas identidades e questões de feminilidades. Foram identificadas também diversas narrativas associadas a relacionamentos abusivos e baixa autoestima. "No caso de meninas adolescentes, a baixa autoestima está diretamente relacionada ao envolvimento em relacionamentos abusivos e a comportamentos que transgridem a lei", afirma Michele.


A partir da leitura coletiva dos livros “Um espinho de marfim e outras histórias”, de Marina Colasanti, e “Outros jeitos de usar a boca”, de Rupi Kaur, as participantes serão convidadas a refletirem juntas sobre suas vivências e histórias pessoais, como forma de se perceberem autônomas e com poder de escolha. Além da discussão dos contos, o Instituto também propõe atividades de colagem e ilustração com as adolescentes, tratando das mesmas questões abordadas na leitura. Michele lembra que a iniciativa é um espaço de troca, de aprendizado coletivo, de desenvolvimento de autoempatia e empatia. “Essa edição do Aurora Clube do Livro é um caminho para falarmos de temas difíceis, com sensibilidade e sem fugir da reflexão. A criação desse espaço de diálogo também pode ser vista como uma ação que contribui para a redução do número de meninas e mulheres vítimas de relacionamentos abusivos”.


Atualmente, o Cense acolhe 28 adolescentes em sistema fechado. Nesse momento, dez meninas participarão da ação, que, intencionalmente, não é obrigatória. Portanto, estarão na atividade apenas as adolescentes que escolheram integrar o grupo. O encontro será conduzido pela mediadora do Clube do Livro do Instituto Aurora, Mayumi Maciel, em conjunto com Marília Goldschmidt, gestora de comunicação da organização e Gabriela Almeida, designer do Instituto Aurora.


Sobre Instituto Aurora

Com atuação desde 2017, o Instituto Aurora tem como objetivo contribuir para compreensão de nossa humanidade comum, por meio de diálogos de paz, agindo em duas frentes de atuação: (I) Programa de Empoderamento, com ações voltadas às minorias políticas, no qual trabalha o fortalecimento de identidades; e (II) Programa de Educação em Direitos Humanos, no qual realiza atividades com a sociedade em geral com o objetivo de transformar o senso comum sobre o que são direitos humanos e, assim, promover espaços livres de discriminação. O Instituto Aurora acredita que a arte é a força para abordar esse grande tema, pois possui uma linguagem que se conecta com as pessoas, sensibiliza e alcança transformações efetivas.

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