Única brasileira de expedição feminina, ambientalista vive experiência na Antártida
Referência em Mudanças Climáticas, paranaense navegou 21 dias pelo continente gelado, enfrentou ondas de 12 metros em navio só de mulheres e retorna ao Brasil determinada a impactar sua geração
A mestre em políticas públicas e defensora do meio ambiente Natalie Unterstell é a primeira e única brasileira a participar de uma expedição para a Antártida exclusiva para elas. A terceira edição da Homeward Bound - A mãe natureza precisa das suas filhas, maior expedição feminina do mundo, reuniu 80 mulheres de todo mundo, todas envolvidas com ciência e natureza, para viver uma grande aventura na terra do gelo.
A representante da participação inédita do Brasil, Natalie Unterstell, de 35 anos, já visitou mais de 70 países, mas garante que a passagem pelo continente mais frio da Terra foi a mais marcante de sua vida. “São cerca de 100 anos de exploração da Antártida por homens. Uma expedição como a nossa é, ainda, quase um milagre”, comenta. “Mas não somos as primeiras e nem as últimas!”.
Dois grandes temas justificam a expedição: empoderamento feminino e mudança do clima. Ativista pelo meio ambiente de longa data, Natalie justifica porquê os mais jovens podem ser protagonistas de decisões determinantes para a humanidade. “Somos a geração que tem acesso aos dados científicos, recursos e tecnologia para manter o aumento da temperatura compatível com o desenvolvimento sustentável. Temos uma obrigação moral de agir, agora”.
Além de defender a agenda ambiental, Natalie tem sido uma voz feminina na busca por mais igualdade e representatividade para elas. “As mulheres são a maioria da população do planeta, mas estão sub-representadas nas ciências, na política, nos negócios. Nós queremos atuar nas decisões mais importantes pro mundo mas muitas vezes somos excluídas de projetos de alto impacto porque não nos sobra tempo ou espaço para combinar vida pessoal e familiar com as demandas sociedade”.
Sobre a expedição: elas e o continente gelado
A intenção do programa australiano é recrutar mulheres influentes de todo mundo com o objetivo de fomentar a colaboração global com lideranças femininas. A meta é envolver 1000 mulheres, ao longo de 10 anos. Antártida é o foco da viagem por representar um ambiente que reflete questões ambientais de escala global. “A Antártida serve como pano de fundo para entendermos o estado real do planeta e nós temos o compromisso de dar visibilidade a alguns dos problemas mais intratáveis da humanidade: mudança do clima e desigualdade de gênero”, resume. A expedição para Antártida aconteceu entre 31 de dezembro de 2018 e 21 de janeiro de 2019.